sábado, 18 de julho de 2015

Abaixe a sua espada


O século em que vivemos é o século das revoluções sociais, das guerras ideológicas, da tentativa de universalizar opiniões. E, pensando sobre isso, relutantemente cheguei à conclusão de que essa inclinação, típica do mundo que me rodeia, tem entrado no meu dia-a-dia sutilmente. Na verdade, eu a personalizei para não sentir culpa. Dessa forma, guerras por “justa causa” têm, de fato, tomado o meu tempo. Eu sou como Pedro. Certa vez, Pedro, perto do julgamento de Jesus, por impulso, cortou a orelha de um soldado (acho que a intenção não era só cortar a orelha) por aproximar-se do seu mestre para prendê-lo. Jesus rapidamente restaurou o ouvido do homem, e repreendeu Pedro dizendo uma das frases mais cheias de significados que já li: “Abaixe a sua espada”. Descobri que sou uma cortadora de orelhas (ou de cabeças quando acerto).

Quantas vezes isso tem estado presente de forma sutil em nossas vidas? “Podemos mudar o mundo”, quem te disse isso? “Eu vou tentar mais, me gastar mais, trabalhar mais”, “Pregaremos melhor, falaremos melhor, faremos mais”, não vai funcionar. Senão por Jesus e pela sua graça. Apenas dê para trás e abaixe a sua espada, porque você não é páreo. A ira do homem não produz a justiça de Deus.
Tantas vezes eu ouvi Deus dizendo de diversas formas: “Saia da linha de frente e deixe o meu filho fazer por você o que você não pode fazer por si mesma”. Estamos rodeados de ensinamentos contrários a este. Existe toda uma cultura do “vá e mude” tentando nos fisgar e nos fazer achar que somos suficientes. Músicas que te mandam olhar no espelho e enxergar o seu potencial. Programas de TV que trazem pessoas com problemas emocionais, viciados ou abusados muitas vezes, e então entra um especialista em cena e diz “Ei, olhe para você! Consegue ver todos os problemas que está causando? Vá em frente e mude! ” E todos aplaudem e se emocionam.
O mundo diz que por ser autossuficiente, você vai e muda. Mas no estilo de vida que almejo viver, preciso abrir falência e entregar o meu atestado de insuficiência, para que haja transformação em mim, através de mim e ao meu redor. Eu lhes apresento um cristianismo passivo. Não light. Apenas fluido. O evangelho do através de nós. O evangelho em que você deixa o filho de Deus se entregar aos soldados e tomar sua culpa, porque você não é páreo.
Então, deixa só eu deixar uma mensagem de incentivo aqui. Você acha que não vai conseguir? Parabéns, já começou certo. A montanha em sua frente é alta demais. Guarde a sua espada e encontre sua suficiência no que é suficiente. Para, então, entender que se montanhas não se movem, continuamos com a nossa fé menor do que um grão de mostarda. E fé não é obra, fé é ser capacitado por aceitar incapacidade.

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