sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Pedras e promíscuos


Uma mulher é pega em meio a uma relação sexual ilícita, um adultério, a “polícia religiosa” traz essa mulher para Jesus e, procurando motivos para acusá-lo, dizem que ela deve ser apedrejada de acordo com a lei. Jesus, no entanto, se abaixa e começa a escrever no chão. Os fariseus insistem. E então, ele se levanta e diz:
Qualquer um de vocês que esteja sem pecado, que atire a primeira pedra.

Ele escreve um pouco mais no chão, todos começam a vazar, e Jesus fica a sós com a mulher (provavelmente até os discípulos se retiraram). Ele pergunta se alguém a havia julgado, ela diz que não, e ele diz que nem ele vai. Vá e não peques mais.
Fim da história?
Então, o que Jesus estava escrevendo no chão?
Isso só mais para frente. Bom, essa história sobre a mulher e a multidão que quer apedrejá-la é encontrada no Evangelho de João, capítulo 8. Se você voltar ao capítulo anterior, o 7, você vai ver que era o tempo do Festival dos Tabernáculos.
A Festa dos Tabernáculos era uma das sete principais festas do calendário hebraico. Havia festas de primavera e de outono, organizadas em torno dos ciclos agrícolas de plantio e colheita.
As Festas de Primavera aconteciam nessa ordem: Páscoa, Pães Ázimos, Primícias, e então, Pentecostes.
E as Festas de Outono: Trombetas, Expiação, e Tabernáculos.
A Festa dos Tabernáculos era a última festa do ano, e última das festas de outono. A última festa do outono, era a festa antes do inverno. Quando esperavam que as chuvas e as águas viriam, para que na primavera eles tivessem grandes colheitas e algo para comemorar e render graças durante as festas de primavera. Milhares de peregrinos iam a Jerusalém, para oito dias de festa, permanecendo em abrigos improvisados, que representava o quanto o seu Deus se importou com o seu povo muitos anos antes, quando eles estavam no deserto. Durante oito dias houve festa, sacrifícios, música e rituais orientados em torno de pedir a Deus pelas chuvas de inverno, para que eles tivessem comida quando a primavera chegasse. Os líderes religiosos iriam ensinar durante oito dias inteiros sobre a importância da água, água e chuva, água e sede, água como metáfora para uma busca espiritual. Muito ensino sobre água. Até o último dia quando o sumo sacerdote despejaria uma jarra de água e de vinho sobre o altar, enquanto a multidão gritava:
Hosana! Hosana!
Hosana significa “Deus, nos salve”, como se fosse, “Deus, por favor, traga-nos as chuvas de inverno para nos salvar da seca e da fome. " (Mais tarde essa palavra teria uma conotação política, um pedido de socorro quanto aos romanos que invadiram as suas terras)
Com isso em mente, observe o capítulo 7.
“No último e mais importante dia do Festival, Jesus se levantou e disse em voz alta...”
Por que ele está falando em voz alta? Porque era o último dia e a multidão estava cantando, gritando, fazendo barulho e ele quer ser ouvido. O que ele diz?
“Se alguém tem sede, venha a mim e beba. ”
Boooom! Ele escolhe esse momento. O momento onde as pessoas estavam focadas em suas necessidades físicas e muito reais quanto à água, e os chama para sua sede espiritual, sede essa que ele insiste em dizer que pode fazer algo a respeito. É por isso que no início do capítulo, ele diz para os seus irmãos subirem à festa, e ele diz que não é o tempo certo para ele e fica para trás. Ele está esperando o último dia para fazer o seu discurso com o ritual do sacerdote derramando o vinho e a água, e a multidão cantando sobre a necessidade de um salvador como pano de fundo? Brilhante. Sim, brilhante.
Milhares de pessoas festejando e bebendo, hospedados em abrigos improvisados no lado da colina em Jerusalém. Basicamente, um camping religioso. Com muito vinho envolvido. E o que pode acontecer quando as pessoas bebem e acampam juntas?
Isso mesmo. Você pode ver como duas pessoas podem acabar em tendas erradas se dando conta de escolhas erradas que fizeram na noite passada? Não é surpreendente, então, que na manhã seguinte os fariseus e mestres da lei arrastam uma mulher para os pátios do templo que foi pega com um homem com o qual ela não era casada?
Eles arrastam essa mulher a Jesus porque querem prendê-lo. Eles não acreditam nele, o rejeitam e querem expô-lo como uma fraude. E assim, o desafia com uma passagem da lei. Os doutores da Lei e os fariseus estavam menos preocupados com o pecado que a mulher cometera e mais preocupados em submeter Jesus a um descrédito e delito maior. Se Jesus inocentasse a mulher estaria contrariando a Lei de Moisés, o que seria causa de morte também. Se ele condenasse a mulher à morte por apedrejamento, estaria contrariando todos os seus ensinamentos baseados na lei do amor e da misericórdia, e ainda mais, se contrariasse a lei dos romanos que haviam tirado dos judeus o direito de aplicar pena de morte a quem quer que seja, isso deixaria Jesus em maus lençóis com os dominadores do povo judeu, os romanos. 
Bem, então, ele se abaixa e escreve no chão. E o que ele escreve?
Onde os fariseus e mestres da lei estavam nos últimos oitos dias?
Eles estavam na festa.
E o que eles estavam fazendo na festa?
Eles estavam ensinando.
O que eles estavam ensinando?
Eles estavam ensinando sobre água.
Que passagens que eles estavam ensinando?
Interessante você perguntar (na verdade, você provavelmente não perguntou nada). Uma das passagens que é ensinada na Festa dos Tabernáculos é do profeta Jeremias. A passagem é sobre pó. Que é o que você tem quando não tem água.
“Ó, Senhor, esperança de Israel, todos aqueles que te abandonam serão envergonhados. Os que se apartam de ti serão escritos sobre o , porque abandonaram o Senhor, a fonte de águas vivas. “ (Jeremias 17:13)
Então, o que Jesus faz? Ele pega uma passagem com a qual todos ali estavam familiarizados e a coloca contra eles, sem dizer uma palavra sequer. Ali há água viva, bem no meio deles, mas eles se recusam a beber dela. Eles querem prendê-lo.
O que Jesus provavelmente escreve no pó?
Os seus nomes.
Eles ensinam a respeito de Deus, da água, da esperança e da nova vida. Mas quando chega no meio deles uma pessoa que eles não estavam esperando, eles querem atirar pedras (porque a lei foi escrita sobre pedras), eles se apegam ao que lhes é familiar rejeitando a água viva que está em frente a eles.
Jesus está dizendo: Nem a lei de Moisés, nem a lei dos Romanos, mas a lei da Graça, onde a pessoa é mais importante que a letra e a pedra.
 
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sábado, 22 de agosto de 2015

Eleição? Predestinação?


Alguns meses atrás eu estava debatendo com algumas pessoas sobre teologia, e um jovem se levantou e começou a fazer uma leitura do livro de Romanos e então me perguntou: “O seu Deus é grande o suficiente para predestinar algumas pessoas ao inferno por causa da ira divina? ”
Algo assim. Foi tão estranho quanto parece. Eu vou te dizer como respondi depois, mas parte de mim considerou perguntar: “Então, que escola bíblica você frequenta? “
Porque, normalmente, pessoas muito religiosas fazem perguntas como essa. Sobre quem é eleito, quem não é, quem está predestinado, quem está dentro ou fora.
Mas, ok. Por que essas palavras, aparentemente, exclusivistas são usadas? Qual foi a real intenção? Essas duas palavras foram usadas na bíblia com um propósito tão bom quanto Deus o é.
Eu poderia escrever vários pontos sobre isso, falando sobre poucos X muitos, graça, justiça, juízo, soberania e outros atributos de Deus. Afinal, Deus é poderoso e precisa ostentar seu poder, não é? Mas não vou fazer isso, pelos menos, não hoje. Vou me ater às duas palavras centrais da questão: Eleição e predestinação. Vamos limpar o terreno.
Em primeiro lugar, eleição. Nas escrituras, a eleição é sempre instrumental. O que quero dizer com instrumental? Pense em como usamos a palavra eleição: Pessoas votam em alguém para executar determinada tarefa (Presidente, Líder de classe, etc) por meio de uma eleição. A pessoa que ganha, o eleito, é eleito para fazer essa tarefa em particular. As pessoas não são eleitas apenas para serem eleitas, a eleição é para o propósito de fazer alguma coisa.
Agora, vamos pensar sobre isso em relação à Bíblia. O que a Bíblia diz sobre? Trata-se de uma tribo de pessoas que têm essa sensação de que são chamados para ser uma tribo diferente das outras, contrária às outras. Naquela época, as tribos existiam com o propósito de servirem a si mesmas, para acumular e formar alianças para autopreservação. Mas esta tribo, esta tribo começa com a história sobre um homem chamado Abrão, para o qual Deus falou que o mundo inteiro seria abençoado através dele (E não, na bíblia não existe graça salvífica e não salvífica, ou amor salvífico e não salvífico. Graça é graça, amor é amor, e o choro é livre). Esta tribo acredita que eles têm uma vocação que se estende para muito além de si mesmos. Para os confins da terra. Eles são uma tribo que existe não apenas para o seu próprio bem-estar, mas para o bem-estar de todas as outras tribos.
Você consegue ver como eles usaram a palavra eleição? A palavra está organicamente ligada com missão, propósito, vocação, ação em nome de terceiros, e para o bem-estar de terceiros.
Eles estavam sempre sendo fiéis a esse senso de eleição?
Não. E é isso que você vê nos evangelhos repetidamente e insistentemente: Jesus chamando sua tribo de volta as suas origens, a sua missão, a sua responsabilidade divina de ser luz para todo o mundo.
Em segundo lugar, predestinação. A palavra aparece 6 vezes na Bíblia. Que em grego é proorizo, que tem origem em duas outras palavras gregas. A palavra pro que significa antes, e horizo, que é de onde pegamos a palavra horizonte, também significando fronteiras, ou demarcação. Vamos para um versículo em Efésios 1, onde ela é usada:
“Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade, para o louvor da sua gloriosa graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado...
Uma observação: O contexto é adoção.
Você já esteve em um aeroporto e havia uma multidão de pessoas à espera no portão porque um membro da família, ou amigo, foi para fora para adotar uma criança e agora ele está prestes a desembarcar, e todos os amigos e parentes se reúnem para dar as boas-vindas à família e ao seu novo filho? Eles estão segurando plaquinhas escrito “Bem-vindo”, ou usando camisas personalizadas (como se o bebê pudesse ler). Tem sempre um amigo filmando. E então o avião pousa, e todos ficam na expectativa de eles aparecerem no corredor. E quando aparece, tem toda a vibração do momento, alegria, abraços e celebração.
Adoção. Esse é o contexto do versículo.
“De acordo com o bom propósito da sua vontade...”
É o que Deus faz nesse verso. Ou seja, adotar muitas crianças é o prazer de Deus. Deus é um buscador de prazeres, e o que traz um prazer imensurável a Ele é acolher pessoas, tornando-as parte da família, fazendo filhos.
“Para o louvor da sua gloriosa graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado...”
Paulo quer que entendamos o propósito de Cristo, que é mostrar-nos o amor que nos Deus deu livremente, expresso especificamente no amor que Deus tinha por Jesus.
Agora, uma ilustração. Vamos dizer que sua amiga da faculdade Ana trabalha em uma cidade longe de onde você mora, e vocês não se veem desde que se formaram. Mas um dia você descobre que precisa ir naquela cidade por negócios, ou para resolver algo importante. Você liga para Ana e sugere um encontro, para conversar, se divertir, se lembrar dos tempos de faculdade. Daí, você manda o endereço do hotel em que vai ficar e ela diz que trabalha na mesma rua, por que não encontrá-la no trabalho? O dia chega e você aparece no endereço que ela te deu...
Um pouco sobre Ana: Ela sempre foi organizada. Completamente. Como ninguém. Prateleiras bem organizadas, secretaria impecável, roupas devidamente ajeitadas.
Então, você anda em direção à porta e Ana está com uma mulher diante de uma mesa, sentadas, mostrando um papel, e elas parecem estar tendo uma conversa profunda, a mulher está ouvindo atentamente o que Ana tem a dizer. Ela te vê e pede dois minutinhos, e você se senta e espera, observando-a. Seja o que for, a mulher com a qual Ana está falando está absorvendo cada palavra, e ao fim, ela dá um abraço, se despede e diz que não sabia o que faria se não fosse pela ajuda de Ana.
Em seguida, você a abraça e a cumprimenta. E então, pergunta o que estava morrendo de vontade de perguntar:
“Ana, o que você faz? ”
Ela, então, explica que depois da faculdade fez um mestrado, pós-graduação em trabalho social, e depois foi contratada pelos serviços sociais da cidade. Mas, ao longo do tempo, ela percebeu que a maioria das pessoas com quem ela interagia realmente precisava de ajuda para organizar suas vidas, criar orçamentos, priorizar necessidades, etc. E então, ela percebeu que poderia ajudá-las nisso. E encontrou um lugar no qual ela poderia trabalhar diretamente nesse aspecto.
Você está tão inspirado com essa história que Ana está contando, e você lembra de como ela era na faculdade, e lembra do rosto da mulher que ela estava ajudando, e diz:
“Ana, parece que você estava predestinada a fazer isso...”
Agora, vamos à palavra que você acabou de dizer, porque ela tem um forte significado. Você está impressionado com como o jeito de Ana mostrava que ela seria assim. Que não é um acidente. Que Ana e os tipos de habilidades que ela tem, e o trabalho que ela está fazendo não são aleatórios ou inúteis. Mas de alguma forma muito difícil de descrever mostra como o universo funciona.
Ufa.
Tudo o que Ana era e mostrava ser, levava-a a este exato momento. Dá profundidade ao que ela está fazendo no presente. Você coloca o trabalho dela no contexto de toda sua vida, nomeando a trajetória que viu em primeiros vislumbres na faculdade, mas agora vê em sua plenitude, e é lindo.
É assim que os primeiros cristãos estavam tentando explicar essa nova coisa extraordinária que estava acontecendo no coração das pessoas. Algo diferente e novo. Mas que estava sendo cultivado neles anteriormente. Algo que antes era visto apenas como primeiros vislumbres, mas agora é pleno e lindo. Algo como viver através do Cristo ressuscitado. Você consegue ver como eles usaram essa linguagem e como ela implica em um sentido de intenção e propósito desde os tempos anteriores?
Tudo que eu disse até aqui foi para chegar à seguinte conclusão:
As pessoas frequentemente usam essas palavras para limitar as ações de Deus, mas na Bíblia elas são usadas para expandir nossa compreensão do que Deus está fazendo.
O Deus que dá livremente, que nos chama de filho pois isso o traz prazer. Pessoas que têm esse senso de eleição, e por isso carregam essa responsabilidade e esse chamado de viver em prol de outros. Essas palavras são frequentemente e conscientemente usadas com o objetivo de mostrar o desejo expansivo, e não introverso, de Deus de resgatar, redimir e restaurar tudo e todos.
(By the way, se alguém usa Romanos 9-11 ao discutir sobre se uns são predestinados e outros não, deveria ver no fim da seção, em 11:25 que diz que todo o Israel deverá ser salvo.
Todo. O. Israel. Deverá. Ser. Salvo.
Se a passagem é sobre um Deus que escolhe ao seu bel prazer quem deve ou não ser salvo, por que no final das contas todos deverão ser? Booom).
Ah, e aquele cara que se levantou e fez aquela pergunta?
A minha resposta foi:
Não.


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sábado, 15 de agosto de 2015

Quem é o próximo?




Vamos dar uma olhada em uma história familiar da bíblia, certo? Que tal a parábola do bom samaritano? Todo mundo conhece. É sobre a importância de ajudar as pessoas que estão com problemas, não é? Você pode sim usá-la com esse fim. Pode ser útil. Mas você estaria perdendo o feeling da história. A maioria das pessoas perde completamente o ponto central dessa parábola. Eis o porquê: Jesus conta essa história (em Lucas 10), em resposta a uma pergunta. E quanto mais você entender a pergunta, mais você verá o quão brilhante e provocante é a história. A pergunta é feita por um mestre da Lei que quer saber o que deve fazer para herdar a vida eterna.
Em primeiro lugar, o mestre da Lei não quer saber. Ele já tem uma opinião. Isso é o que os mestres da Lei (que significa especialistas nas escrituras) faziam no primeiro século. Eles tinham opiniões formadas sobre as escrituras e passavam horas discutindo. Esse homem não é novo para o jogo, ele é um dos da elite, um membro de longa data da instituição religiosa. É importante notar que o que quer que Jesus diga, este homem terá algo a dizer em resposta. 
Em segundo lugar, quando ele pergunta sobre a vida eterna a Jesus, ele não está perguntando sobre a vida depois da morte precisamente. Na verdade, no mundo do primeiro século, o foco era mais esta vida. Eterno não seria apenas uma duração, mas uma qualidade. De semelhante modo, vida eterna (zoe aionios) não seria apenas uma promessa de uma vida após esta vida, mas uma qualidade de vida agora característica de pessoas que vivem na eternidade. Não apenas na vida após a morte, mas também na vida antes da morte. Então, quando você tinha a chance de interagir com um grande professor ou rabino espiritual, uma das primeiras perguntas que você normalmente faria seria: “Como faço para ter uma vida mais plena agora? ”. Na esperança de que ele te mostre como andar em comunhão infindável e constante com o Deus vivo.
Jesus, é claro, responde como um bom rabino judeu, perguntando ao homem o que a Torá ensina. Jesus responde desta forma porque no mundo judeu do primeiro século, no qual ele viveu, a melhor resposta de como ter vida eterna era sempre para ser respondida de acordo com a Torá (que são os primeiros cinco livros das escrituras hebraicas). Como ensiná-lo a viver? 
O mestre não está surpreso com todo o diálogo até aí. Vamos fazer uma pausa aqui e observar que Jesus responde a sua pergunta com uma outra pergunta. Isto, mais uma vez, não era incomum. Jesus é questionado muitas vezes nos evangelhos, e ele responde quase sempre com uma pergunta. O doutor da Lei, então, cita Deuteronômio e Levítico, sobre amar a Deus e ao próximo como as coisas mais importantes que você pode fazer. Isso é vida eterna.
Jesus, então, diz: “Top! ” Ok, não exatamente. Mas muito perto. Jesus responde: “Você deu a resposta certa, se você fizer isso, você vai viver”. Mas é um diálogo, certo? O que mais precisa ser dito? O doutor faz uma pergunta, Jesus pergunta uma pergunta sobre sua pergunta, e ele responde. Jesus diz que ele acertou. A conversa acabou. Só que não.
Um parêntesis rápido.
(Quando as pessoas dizem que a Bíblia é chata, eu sempre vejo como se elas não estivessem lendo de fato. Porque se você realmente ler, entrando nas histórias, se aprofundando no contexto histórico, insinuações e figuras de linguagem, a última coisa que você vai ficar é entediado.)
Mas a conversa não acabou, porque o texto diz que querendo justificar-se, o mestre da Lei pergunta a Jesus: “E quem é o meu próximo? ”
Interessante. O cara tinha um script o tempo todo! Todas as perguntas e respostas e blá, blá, blá, foram apenas uma jogada! O doutor tem um problema com Jesus, ele não concorda com Jesus, e seu questionamento foi para chegar ao ponto de conflito. Que tem alguma coisa a ver com quem é o próximo. “Sim, sim, sim, Jesus, nós podemos passar o dia todo aqui conversando sobre a Torá, sobre amor e vida eterna e concordar com tudo, mas eu e você sabemos que temos um conflito sério sobre quem é o próximo”.
A esse ponto, Jesus lança uma história sobre um homem que estava indo de Jerusalém para Jericó e foi espancado e deixado à beira da estrada. O sacerdote vem e passa para o outro lado, vamos parar por aí. 
Isso é engraçado. A estrada entre essas duas cidades era uma fuga com alguns poucos pés de largura e com um penhasco. Jesus está tentando ser engraçado aqui porque não havia outro lado.
Em seguida, um levita vem e faz a mesma coisa. 
O sacerdote e o levita são os maus, certo?
Não. O homem ao lado da estrada foi espancado. O que significa que ele está sangrando, certo? E de acordo com a Torá, se você tiver contato com o sangue de outra pessoa, você seria considerado impuro, ok? E se você é um sacerdote ou levita, para servir o povo, para ser fiel ao seu Deus, para contribuir com a sua parte para a comunidade, você só pode fazer isso se permanecer cerimonialmente limpo, beleza? Então, quando eles se deparam com o homem, cada um tem uma decisão para tomar. Ajudar o homem, se tornando impuro, e ficando fora do serviço por um período de tempo, ou seguir puro? (Leia Levíticos 21:1-3)
Você está comigo? Em seguida, o terceiro cara vem. Vamos parar por um minuto e salientar que é lógico que a terceira pessoa deveria ser um mestre da Lei que ajuda o homem ferido. Jesus teria completado o seu argumento de que o próximo é alguém que está em necessidade, e o seu dever é ajudá-lo antes de tudo. Que é como um monte de gente conta essa parábola. 
O que faz perder completamente o foco do que Jesus realmente estava tentando mostrar.
Não é um mestre da Lei que vem vindo, é um... samaritano. E os professores, rabinos, judeus no geral, odiavam samaritanos. O doutor da Lei estava esperando para entrar na história, e um samaritano era o último tipo de pessoa que poderia substituí-lo. Samaritanos eram os Skinheads da época. Esse ódio tinha surgido há muito tempo, gerações atrás, devido aos costumes deles que misturavam judaísmo com idolatria, e era uma repulsa muito, muito profunda. Mas nesta história que Jesus conta, é o samaritano que ajuda o homem ferido. 
Esta história foi quase impossível de se ouvir para o mestre da Lei. Um bom samaritano? Em nossos dias, quando falamos “bom samaritano” não carregamos mais o real impacto do que essas duas palavras juntas causaram. Não é mais um paradoxoMas era. Um bom samaritano era impossível. Esse personagem não existia em suas mentes. Jesus, então, termina esta história em que um bom samaritano é o herói e pergunta ao mestre: “Qual destes três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos salteadores?
Você consegue ver como Jesus está sendo insanamente brilhante, inteligente e subversivo aqui? Por favor, me diga que você consegue ver! Porque a coisa toda começou com o mestre perguntando a Jesus uma pergunta cuja resposta é controversa, não é? E então, o que Jesus faz? Ele conta uma história que divaga por lugares inexplorados, e então um personagem chocante entra na história e acaba como herói. E, em seguida, Jesus vira o jogo com o mestre da Lei e pergunta: “Quem foi o próximo? “
A resposta é o samaritano, certo? Sim, correto.
Mas como é que o mestre responde?
“Aquele que mostrou misericórdia”.
Ah, cara. O mestre não pode nem mesmo dizer samaritano”. Isso é o quão profundo o seu ódio vai. Ele não consegue nem mesmo dizer a palavra. 
Nomes nos conectam. Nomes criam intimidade. Você se sente péssimo quando esquece o nome de alguém, não é?
Mas esse mestre não pode sequer responder à pergunta de Jesus dizendo o nome. 
Esse é o seu próximo. A quem você foi chamado para amar. É aí que a vida eterna é encontrada. Em amar o próximo. Aquele que você odeia, aquele que você despreza, aquele que você queria que não existisse, aquele cujo nome você não é nem capaz de dizer.
Você vê agora por que eu comecei falando sobre o ponto central da história? Você pode usá-lo para falar sobre assistência, o que é bom, e até muito útil. Mas Jesus está nos chamando para algo muito maior e muito mais profundo. Jesus está chamando o homem para amar como Deus ama. O que significa todos. Mesmo aqueles que você mais odeia. Jesus desafia o homem a estender o amor divino àqueles que são difíceis de serem amados. Pois o amor do tipo de Deus ama o não amável. E é isso aí. Essa é a resposta para a pergunta. É assim que se encontra vida eterna.

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terça-feira, 11 de agosto de 2015

O evangelho eterno


Você tem ideia do que de fato significa o evangelho que você diz crer?
“E adorá-la-ão todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo. ” (Apocalipse 13:8)
O cristianismo incomodou por todos os séculos depois do seu surgimento. Mas, parece que no século em que vivemos, o evangelho se tornou algo convencional, uma espécie de cultura. É normal ver alguém se intitulando como “não-praticante”. Como Francis Schaeffer bem esquematiza em seu livro “A morte da razão”, no tempo em que vivemos, de forma inédita, as pessoas buscam viver psicologicamente, valorizando a emoção e experiência às custas de um assassinato intelectual em virtude de uma preguiça ou inaptidão mental (o mundo de hoje conhece bastante, comunica-se muito, porém relaciona-se pouco, mas reflete e compreende pouquíssimo). As coisas hoje não precisam ter significado, basta apenas ter função estética ou emocional.
Bom, o cristianismo não é só mais um “ismo”. Mas é a razão absoluta do porquê, para que e para quem esse universo existe. Se você já leu Gênesis 1 e João 1, sabe do que eu estou falando. Não é o verbo ou a palavra que fez o universo vir a existir? Deus falou. Entretanto, o cristianismo é também a razão do porquê, para que e para quem nós, como seres individuais, estamos aqui.
Quando a bíblia diz que o Cordeiro foi morto desde a fundação do mundo, não foi porque João cometeu um erro na hora de escrever, ou porque ele estava louco. A bíblia nos diz que o Cordeiro foi imolado desde a fundação do mundo, mostrando-nos que a crucificação de Jesus foi apenas uma manifestação daquilo já havia sido feito desde a criação, ou seja, antes do pecado em si. Jesus é o preço da criação.
O Cordeiro já havia morrido no lugar do homem a fim de que o homem não precisasse morrer devido ao seu pecado essencial. O que acaba com todo e qualquer pensamento de que Deus tenha levado algum susto com a infidelidade humana ao decorrer da história e foi tentando diversas formas de salvação até chegar a Cristo. Ou até mesmo a patética história em que Deus pergunta a todos os seres celestiais quem iria morrer pela humanidade até que Jesus se oferece. A única forma de salvação sempre foi através do Cordeiro, o resto apenas serviu para apontar essa realidade. A bíblia que conhecemos é Jesus Cristo de Gênesis a Apocalipse.
Por isso a Lei nunca salvou ninguém, e nem poderia, devido à impossibilidade humana de cumpri-la por completo. Apenas serviu para mostrar o maior pilar do evangelho: Você é incapaz de se salvar com suas próprias obras. Isso aponta para o Cordeiro. De modo que a salvação na antiga aliança também se deu por fé.
Em Hebreus 11, vemos a história de vários homens de Deus no antigo testamento. Uma carta escrita exclusivamente para judeus. Posso ver cada um deles se gloriando de ter os seus antepassados sendo citados em um capítulo exclusivo, mostrando os seus grandes feitos e obras. Mas algo parece interromper a narrativa. De repente, o escritor de Hebreus diz que Moisés por amor a CRISTO, negou ser chamado de filho da filha de Faraó, considerando sua desonra maior riqueza do que os tesouros do Egito, pois contemplava sua recompensa. Jesus é a nossa recompensa maior. O melhor de Deus não está por vir, já veio. Se chama Jesus Cristo. Ele é a nossa recompensa. E enquanto Moisés olhava para Cristo, permanecemos olhando para Moisés.
Eu sei que estou a caminho do cumprimento, mas ouso dizer, que mesmo que eu não cumpra todos os propósitos de Deus para a minha vida, já me dei por satisfeita. Porque Ele é a minha satisfação, e nenhuma promessa é maior do que Ele. O mundo diz que precisamos estar insatisfeitos para alcançar. Em Cristo, somos satisfeitos, por isso alcançamos.
E desde o princípio, mesmo quando Ele ainda não havia pisado nessa terra, a salvação se dava pela fé no Cordeiro de Deus. Veja algo interessante que acontece em Gênesis 5, um capítulo de genealogia. Cada nome que aparece, em sua devida ordem, com o seu devido significado, aponta para o salvador.

Adão
O primeiro nome, Adão, vem de Adomah , e significa "homem". Como o primeiro homem, isso é bastante simples.
Sete
O filho de Adão foi chamado Sete, o que significa "designado". Quando ele nasceu Eva disse: "Porque Deus designou-me outra semente em lugar de Abel, que Caim matou. "
Enos
O filho de Seth foi chamado Enos, que significa "mortal”, "frágil" ou, "miserável". Surge de raizanash: ser incurável, ferida, sofrimento, aflição, doença ou perversidade (foi nos dias de Enos que os homens começaram a contaminar o nome do Deus Vivo).
Cainã
O filho de Enos foi nomeado Cainã, o qual pode significar "sofrimento", "tristeza", “canto fúnebre", ou "elegia ". A denotação precisamente é um pouco evasiva.
Maalalel
O filho de Cainã foi Maalalel, de Mahalal , que significa "abençoado" ou "louvor". El é um sufixo para o nome de Deus. Assim, Maalalel significa "o que Deus abençoou." Muitas vezes os nomes hebraicos incluiam El, o nome de Deus, como Dani-el , "Deus é meu juiz", Nathani-el , "Presente de Deus", etc.
Jarede
O filho de Maalalel foi nomeado Jarede, do verbo yaradh, que significa "descerá".
Enoque
O filho de Jarede foi nomeado Enoque, que significa "ensino" ou "início". Ele foi o primeiro de quatro gerações de pregadores. Na verdade, a primeira profecia registrada foi de Enoque, que surpreendentemente fala sobre a Segunda Vinda de Cristo.
Matusalém
O nome Matusalém vem de duas raízes: Muth, uma raiz que significa "morte", e de shalach , que significa "trazer", ou "enviar". Assim, o nome de Matusalém significa, "sua morte trará." E, de fato, no ano em que Matusalém morreu, veio o dilúvio. É interessante que a vida de Matusalém foi um símbolo da misericórdia de Deus, antecipando a vinda do julgamento do dilúvio. Por conseguinte, é compreensível que ele foi o homem que viveu mais em toda bíblia, simbolizando a extensão extrema da misericórdia de Deus.
Lameque
O filho de Matusalém foi nomeado Lameque, uma raiz ainda evidente na própria palavra, "lamento" ou "lamentação". Lameque sugere "desesperado”.
Noé
Noé é derivado de nacham: “para trazer alívio" ou "conforto”.

É isso mesmo. |O homem| foi designado para| um mortal| sofrimento|, mas o abençoado de Deus| descerá| ensinando|, e sua morte trará ao| desesperado|, conforto|.
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terça-feira, 4 de agosto de 2015

Lembranças do meu verdadeiro lar


“Minha percepção de que a felicidade pendia do fio incerto de uma condição, no fim das contas, significava alguma coisa: significava toda a doutrina da Queda. Mesmo aqueles sombrios e informes monstros de noções que não fui capaz de descrever, muito menos de sustentar, ocuparam suavemente seus espaços como colossais cariátides do credo. A fantasia de que o cosmos não era vasto e vazio, mas pequeno e aconchegante, tinha agora um significado realizado, pois toda obra de arte deve ser pequena aos olhos do artista: para Deus as estrelas talvez fossem apenas minúsculas e caras, como diamantes. E o meu persistente instinto de que, de algum modo, o bem não era simplesmente um instrumento a ser usado, mas uma relíquia a ser preservada, como os bens do navio de Crusoé — até isso fora o tímido sussurro de algo originariamente sábio, pois, segundo o cristianismo, éramos de fato os sobreviventes de um naufrágio, a tripulação de um navio dourado que fora a pique antes do começo do mundo”. (G. K. Chesterton, Ortodoxia, p. 132)

Uma vez eu li um livro sobre uma criança que foi sequestrada. O menino foi sequestrado ainda muito novo, e fizeram lavagem cerebral nele. Deram-lhe um novo nome, ele chamava os sequestradores de mamãe e papai. Eles criaram uma vida falsa inteira para o garoto. Do lado de fora, era tão normal - escola, beisebol, amigos - e eles estavam satisfeitos porque ele tinha esquecido sua antiga vida e que esta era agora a sua nova vida.
Mas ainda havia algo ali, enterrado no fundo de seu coração, ele sabia que algo não estava certo. Ele tinha sonhos frequentemente de sua antiga vida, sonhos de sua mãe e seu pai, do seu antigo quarto. E mesmo ele estando feliz e seus sequestradores sendo tão bons para com ele, ele não se surpreendeu ao finalmente descobrir que havia sido sequestrado e que toda a sua vida era uma mentira. Quando ele finalmente foi restaurado ao seu verdadeiro lar, todos estavam preocupados sobre como ele reagiria, porque, afinal, todos eram estranhos para ele. Mas ele viu sua mãe de verdade, seu verdadeiro pai, sua casa, e ele chorou e disse simplesmente que sempre soube, ele sempre soube, a verdade estava lá no seu coração o tempo todo.
Às vezes me sinto assim em relação a Deus. Sinto que talvez sejamos todos os exilados. 
Você já percebeu que a forma como a história começa a ser contada define que tipo de história você está contando? O nosso problema é que começamos a contar a história da humanidade a partir da queda, e não da criação. E a queda não é o fator primordial. A bondade da criação é.
Nós pensamos que estamos em nossa vida regular, nossa vida real. Mas ainda existe essa impressão, essa sensação, essa memória de algo melhor, algo mais. Um lugar perfeito ainda está preso em nossos corações. E mesmo quando tudo está bem, ou quando conseguimos realizar todos os nossos sonhos, ou quando já estamos na plenitude do que o mundo tem como sucesso, com toda fama e dinheiro ou com uma linda casa, um cônjuge perfeito, cinco crianças e um cão, nós ainda sabemos, no fundo de nossos corações, estamos exilados e alguma coisa, algo não está certo aqui.
Não é o suficiente. Todas as coisas, todas as experiências, todas as emoções do mundo se tornam como uma cortina de fumaça da bondade.  É uma aproximação de algo real para convencer-nos de que estamos bem, que é normal, mas estamos andando por aí e sabemos todo o tempo que não se encaixa o bastante, sabemos que algo está fora do lugar, sabemos que não estamos onde pertencemos. A memória do reino de Deus está lá. 
Está lá no fundo da alma. Como o salmista cantou, somos como aqueles que sonham com o lar. Ele está submerso em algum lugar no nosso cérebro ou alma, mas nós sabemos, nós sabemos, a verdade está em nosso coração o tempo todo.
Vemos vislumbres dela, temos uma lembrança, uma suspeita, um palpite ou uma memória que não conseguimos entender. E isso se move como fumaça ou uma tempestade de flashes: nós amamos, aprendemos, cantamos, vemos as estrelas aparecendo depois do pôr do sol, nós nos conectamos, trabalhamos, cuidamos, rimos, choramos, dançamos (eu, não muito), ensinamos, nos importamos, e tudo isso consegue parecer apenas uma sombra, e não a substância, não importa com qual intensidade façamos.
Nós temos estes momentos de transcendência, quando a cortina entre o céu e a terra começa a vibrar. De repente, somos lembrados. Nossa pele é feita de pó e isso parece mais real às vezes, podemos sentir o cheiro perfumado do jardim, o frescor da noite, e sabemos em algum lugar dentro de nós que deveríamos estar andando com Deus na viração do dia, ainda sem nenhuma vergonha.
Não é isso que acontece quando encontramos Jesus? Não é que nós simplesmente o encontramos e agora acreditamos nele e concordamos mentalmente com todas as verdades inegociáveis que ele afirmou e que regerão a nossa vida a partir de então. É que nós o reconhecemos de algum lugar. É que cada palavra dele me faz decifrar um pouco mais do que é o meu verdadeiro lar. Sem ele, essas memórias me perturbam. Eu não posso passar um dia sequer longe dele, porque é ele que satisfaz o meu maior anseio, ele me faz entender que as lembranças dentro de mim não são invenção da minha cabeça, elas são reais e eu quero voltar para casa. Eu não o conheço, eu o reconheço.
Por essa razão, Jesus não veio apenas para a justificação do injusto, mas para provar que a humanidade foi criada para ser justa. E a sua ressurreição reafirma a bondade da criação. Jesus me fez entender que não é um sonho, que é real. O exílio em que me encontro não é o meu lar. E quando cruzarmos o limiar da fé, entraremos em uma consciência de que o Reino de Deus já chegou.
Nos damos conta de que sempre soubemos. Eu sempre soube, a verdade estava lá no meu coração o tempo todo. Eu não podia articular direito, se tentasse dizer isso em voz alta soaria tolo. Então, a saudade inexplicável reside em mim até que tudo esteja cumprido. O Reino de Deus. Amor, esperança, alegria, paz e bondade. A imagem de Deus em nós clama por Ele. O nosso plano original não nos deixa ficar em paz com as nossas falhas. É nessa direção que deveríamos estar caminhando todos os dias, a restauração do nosso lindo lar, a redenção de todos nós, o nosso resgate dessa vida falsa que pensamos que é real. A restauração do shalom (florescimento universal, prazer, plenitude e paz). Nós fomos criados para essa verdadeira vida. E se a reconhecermos, estaremos em casa em breve.


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