Essa mulher tem uma relação de dependência com a sua plantação. Ela
planta aquela semente, com a esperança de que ela cresça e dê muito fruto, pois
ela depende da comida que essa planta produz para sobreviver. Ela e o seu
marido. E, então, ela começa a escutar as histórias dele também. De como ele
depende da caça. De como, muitas vezes, ele passa dias fora de casa, caçando ou
tentando. Às vezes, ele consegue a sua caça, e volta feliz. Mas, outras vezes,
ele passa dias à fio em busca dela, e não consegue capturá-la.
Que curioso! Parece que essa relação de dependência que ela tem para com
sua plantação também se dá de uma forma que parece um pouco aleatória. Existe
essa grande bola de fogo nos céus, e essa planta precisa ser exposta a essa
bola de fogo. Mas nem tanto, nem tão pouco, para que ela não morra. E a água
que cai do céu? Precisa regar a plantação, para que ela continue frutificando.
Mas nem tanto, para que ela não seja levada violentamente. Então, nasce uma
criança. Essa nova vida em seus braços que depende dela. Mas quando ela vai ter
a segunda, ela se dá conta de que está segurando uma criança sem vida.
Mas, por que isso? Existe essa força maior e todos parecem estar
sujeitos a ela. A força que controla a bola do fogo, os animais, a água, a
vida. O que fazer para que essas forças fiquem ao nosso favor? Já sei! Vamos
nomeá-las, serão os nossos deuses. E sabe o que faremos? De tudo que
produzirmos, daremos parte a eles, como uma oferta de paz, para que eles fiquem
do nosso lado e não nos deixe perecer. Ofereceremos sacrifícios aos deuses. Os
adoraremos e eles saberão que estamos agradecidos. Nesse ano colhemos 3 vezes
mais que o ano passado, precisamos sacrificar mais. Já fazem 6 meses que não
chove? Claramente, o deus que manda a chuva está ofendido conosco, precisamos oferecer
mais, sacrificar mais. De alguma forma, esses deuses estão muito irados
conosco.
Em certas civilizações, quando nada mais restava para se oferecer, eles
cortavam o próprio corpo, para que através daquele sangue, aquele deus visse o
quão gratos eles estavam e o quanto dependiam do seu favor. As plantações, os
animais acabaram? Já me autoflagelei o suficiente? Oferecerei o meu primogênito
como sacrifício. Você nunca saberá como satisfazer esses deuses, nunca saberá
como lidar com eles.
Mas, espere aí. Em uma certa tribo, tudo começa diferente. Começa com um
homem chamado Abrão, nascido em uma civilização suméria. E esse Deus estranho
diz a Abrão que ele saia da casa dos seus pais, e O siga. Não, espere. Que
absurdo! Esse Deus se comunicou, falou? Revelou sua vontade? Isso nunca
aconteceu antes! E... por que Ele quer que ele abandone a casa dos seus pais?
Bom, o pai de Abrão supostamente o ensinou a como agradar essas forças, ensinou
que quando ele estiver passando por uma certa enfermidade, ele deve oferecer
sacrifício àquele deus em específico, e quando a terra estiver estéril, Abrão
deveria oferecer sacrifício àquele outro deus em específico. Esse Deus diz a
Abrão que ele saia daquele ciclo, e o convida para algo totalmente novo. Então,
pela primeira vez, Deus intervêm na história da humanidade. Esse Deus estranho,
esse Deus que se comunica com a criação. Agora, isso é revolucionário. Ninguém
jamais havia proposto isso.
Abrão sai da sua terra, e esse Deus o manda olhar para as estrelas dos
céus, para demonstrar o quão numerosa será a sua descendência. Mas, veja, na
civilização suméria, de onde Abrão saiu, as pessoas na verdade adoravam as
estrelas, adoravam os astros. Eram deuses. Mas esse Deus usa outros deuses como
simples acessórios para demonstrar o seu expansivo plano.
Abraão tem um filho. E Deus o pede em sacrifício, o filho que ele amava.
A palavra amor aparece pela primeira vez em toda bíblia. Mas essa voz vem do
céu e diz: “Não faça isso!!” E esse Deus dá um cordeiro em troca para
sacrificar. Veja como a religião é retrógrada! Alguém chamaria os direitos
humanos. Você não entende o quanto essa história é revolucionária. Abraão não
está chocado, ele pergunta como sacrificar o filho e não por que. Esse Deus
está dizendo a Abraão: “Você está acostumado com deuses ofendidos que pedem o
que você tem de mais valioso em troca de favores. PARE!!”
Essa história deveria terminar com Abraão tentando agradar a Deus por
meio de um holocausto, dando o seu próprio filho. Mas, em vez disso, acaba com
um Deus que provêm. Não é sobre o que Abraão faz para Deus, mas é sobre o que
Deus faz para Abraão.
Milênios se passam e o sistema está corrompido de novo. Saduceus e
fariseus usando de violência para impor a suposta vontade de Deus através do medo.
Esse curioso rabino surge, Jesus Cristo. Renovando as coisas mais uma vez.
Revolucionando as coisas mais uma vez. Talvez, para você, um sermão
revolucionário seja baseado em 5 pontos que começam com a mesma letra. Mas
nessa cultura, essa voz clama “Misericórdia quero e não sacrifícios! ”, dando
vida às palavras de um profeta chamado Oséias, e isso era absolutamente
revolucionário. Ele olha para o templo que demorou 46 anos para ser
reconstruído e diz “Destruam, e eu o reconstruirei em 3 dias”. Mas ele não
estava falando daquele templo, e sim de si mesmo. Me matem, e eu me
reconstruirei. Esse homem então é levado à cruz, para uma morte sórdida. E não
há sequer uma violência em seus atos. A resistência de Jesus sem violência em
um sistema baseado em violência questiona a natureza do altar. Será que o seu
deus é tão mal-humorado assim?
Esse Deus chegou ao ápice do absurdo e do ridículo. Talvez você não
entenda o que é amor. Mas eu vou te dizer que ele é a exata medida de um Deus
que se flagelou para mostrar a sua criação o quanto Ele queria que ela parasse
de se flagelar. Não é assim que se ganha favor. Veja as minhas marcas, que o
sacrifício seja eu!
Mas, veja. Os primeiros cristãos entenderam tudo isso que eu estou
escrevendo agora. O autor de Hebreus diz que é impossível que o sangue de touros
e bodes remova pecados. Dia após dia, ano após ano, sacrifício após sacrifício.
Mais sangue, mais holocaustos. E ele diz que não é como se aquilo fizesse paz
com Deus, não é como se aquilo gerasse algum efeito positivo, aqueles
sacrifícios eram apenas uma forma de aliviar a consciência humana. Vemos isso
em várias partes da bíblia, inclusive no Antigo Testamento. Em Salmos 50, Deus
diz que o mundo é dele, e tudo que nele existe, todos os animais da Terra e
tudo que é potencialmente um sacrifício. E então, no verso 12, Ele te choca com
o seguinte raciocínio: “Se eu tivesse fome, precisaria dizer a você? Tudo é
meu! ”
Se você está barganhando com Deus para te dar algo, você está
barganhando com o Deus errado.
Se o seu coração palpita, se os seus olhos estão abertos para o
sofrimento do mundo moderno, você terá que se perguntar ocasionalmente: Será
que vivemos em uma cultura tão retrógrada como as de antes? Será que temos os
mesmos deuses raivosos e exigentes, e só o chamamos de nomes diferentes? Porque
não se engane, se você diz que não acredita em Deus, isso é já um tipo
particular de deus. Vivemos na cultura mais iluminada e progressista da história
ou será que somos igualmente retrógrados e primitivos?
Veja só, será que você vai para a igreja no domingo para passar os
outros 6 dias aliviado da culpa? Para deixar Deus satisfeito? Será que você
está tentando fazer trocas de favores ainda que inconscientemente? Será que
você está tão cheio de culpa que não pode sequer ver beleza na vida? Será que
você está correndo, trabalhando feito louco, sem tempo nem para respirar? Bom,
esses são os mesmos velhos deuses com nomes diferentes.
Se há algum ritual verdadeiramente puro e bíblico é aquele em que
celebramos a paz que temos com Deus através de Jesus Cristo, o qual se ofereceu
como sacrifício máximo e se revelou na consumação do tempo exato. E se há um
sacrifício válido, como disse Paulo, é o vivo. Porque, veja, o seu sacrifício
tentando fazer paz com Deus e com o mundo é morto e inválido. Sacrifício
normalmente fala de morte! E Paulo está sendo subversivo aqui. Como assim sacrifício vivo? O que quer dizer
esse sacrifício vivo? Ele não é uma troca, nem uma forma de conseguir favor de
Deus, porque isso você já tem! Não é uma barganha, nem mesmo uma forma de ser
perdoado. O sacrifício vivo é quando você dá a Deus louvor e glória por não ter
que fazer trocas, por não ter que alcançar o Seu favor, por não ter que
barganhar com Ele, nem precisar de justificativas próprias para ser perdoado.
Louvor e glória ao Deus com o qual fomos reconciliados, estamos em paz!
Sacrifícios vivos e não mortos ao Deus que intervêm na história da humanidade
para nos ensinar o caminho da paz, o qual não foi traçado por nós mesmos, mas
por aquele que se ofereceu como sacrifício máximo.
Eu te desafio a fazer como eu fiz. Quando, cheia de culpa e condenação,
eu me achegava a Deus para contar todos os meus erros, resolvi fazer um acordo.
Eu disse que da próxima vez que eu viesse até Ele, iria perguntar quais pecados
eu tinha confessado da última vez. Assim o fiz. E imediatamente algo pulou em
meu coração dizendo “Eu não me lembro”.
Que você possa viver inserido na natureza desse Deus de amor, desse Deus
que não está ofendido e nem com raiva. Mas está sempre apto a nos limpar e nos
fazer novos todos os dias.
Graça e paz!
😍😍😍😭😭😭😭😍😍😍😍😍
ResponderExcluirTOOOOOOOOOOOOP
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